Jesus nos ensinou a enfrentar a tentação. Santo Agostinho disse que “Jesus poderia ter impedido o demônio de se aproximar dele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer a tentação”.
Então, vamos examinar como Jesus venceu o Tentador. Antes de tudo Ele jejuou; o jejum fortalece a nossa vontade, faz com o que o nosso espírito comande o nosso corpo, e não nos deixa ser dominado pelas paixões. A Igreja recomenda que nas sextas-feiras o cristão faça um pouco de penitência. Pode ser rezar mais, cortar um pouco os alimentos, deixar uma diversão, fazer uma peregrinação a um santuário, participar da santa Missa; enfim, há muitas formas de fazer uma penitência.
Jesus orou no deserto; Ele estava acostumado a se retirar nas montanhas nas madrugadas para rezar. No horto das Oliveiras, quando os Apóstolos não conseguiram velar com Ele nem uma hora, naquele momento de sua angústia mortal, Ele lhes disse: “Vigiai e orai para não cair em tentação; o espírito é forte, mas a carne é fraca” (Mt 26,41). E Jesus lançou no rosto do demônio, por três vezes, a Palavra de Deus; e ele recuava, não pode resistir à força da Palavra de Deus. Ai está uma grande defesa nossa contra as tentações; recite o Salmo 90 e tantos outros.
É preciso rezar sempre; São Paulo recomenda “orai sem cessar” (1 Tes 5,16). Nosso espírito deve estar sempre em oração, conectado em Deus, mesmo durante o trabalho. Reze sempre que não tiver nada para fazer: no ônibus, no volante do carro, no metrô, na fila do supermercado, na caminhada, na sala de espera do médico… Converse com Deus, espontaneamente, familiarmente; fale com Ele dos seus problemas, de suas fraquezas e tentações. Deus habita em nossa alma quando estamos em estado de graça. Muitas vezes nos esquecemos disso.
Na hora da tentação, reze mais ainda. Thomas de Kemphis, na “Imitação de Cristo”, recomenda “vencer a tentação no seu início”; não deixar o Tentador atravessar a porta da alma. Resistir no início, desvie do mau pensamento e das fantasias da imaginação, voltando a sua mente para Deus, de imediato. Não deixe que o prazer o domine, e nem os movimentos desordenados; e não consinta no mal com a vontade.
“Senhor ajudai-me e ajudai-me depressa! Só essa oração bastará para nos fazer vencer os assaltos de todos os demônios do inferno, porque Deus é infinitamente mais forte do que todos eles (Sl 144,18)”, dizia Santo Afonso. Ele disse que: “Se a tentação é tão forte que nos vemos em grande perigo de consentir, é preciso redobrar o fervor na oração, recorrer ao Santíssimo Sacramento, ajoelhar-se diante de um crucifixo ou de Nossa Senhora e rezar com ardor, gemer e chorar pedindo ajuda”.
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Santo Agostinho recomenda: “Fecha a porta para que não entre o tentador. Ele não deixa de chamar, mas se vê que a porta está fechada vai em frente. Só entra quando te esqueces de fechá-la ou não a fechas com segurança”.
São Paulo diz que “Deus é fiel” e nos socorre na hora da tentação. “Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus não permitirá que sejais tentados além de vossas forças, mas, com a tentação Ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela”. (1 Cor 10,13). Temos de confiar nisso e lutar. Acima de tudo é o amor a Jesus que deve ser nossa motivação principal para não ceder à tentação. Lembre-se Dele na cruz, padecendo por você, derramando Seu precioso sangue, para nos salvar.
Na hora da tentação, clame ao Senhor, peça a Sua ajuda. Santo Agostinho diz que “Adão caiu, porque não se recomendou a Deus na hora da tentação”.
É preciso também vigiar. As portas da alma são os nossos cinco sentidos, e são por eles que o Tentador penetra no coração. “O demônio não influência nem seduz ninguém se não encontra terreno propício. Quando o homem ambiciona uma coisa; sua concupiscência legitima as sugestões do demônio. Quando um homem teme algo, o medo abre uma brecha em sua alma pela qual se infiltram suas insinuações. Por essas duas portas, a concupiscência e o medo, o demônio se apodera do homem”, diz Santo Agostinho.
Então, é preciso expulsar a busca do prazer e o medo, com oração. O Salmista diz: “Apenas clamaram os justos o Senhor atendeu e os livrou de todas as suas angústias” (Sl 33,18). “Muitas são as provações do justo, mas de todas as livra o Senhor” (Sl 33,20).
Nas tentações é preciso ter paciência, confiança e abandono nas mãos de Deus. A tentação atinge muito o homem inconstante e que não se recomenda a Deus; pode ser comparado a um barco sem leme, que fica a deriva no meio das ondas do mar.
Mas o importante é também nunca desanimar; se houver uma queda, não ficar pisando na alma e se condenando; isso é refinado orgulho de quem não aceita a sua miséria. Temos que levantar, pedir perdão a Deus, e retomar a caminhada.
Não é porque somos tentados que perdemos a graça de Deus. Sentir não é pecado, mas sim consentir. Não são os maus pensamentos que fazem perder a Deus, mas sim os maus consentimentos. “Mesmo carregado de grandes e molestas tentações, o homem pode ir a Deus, desde que sua razão e vontade não consintam nelas”, disse São João da Cruz. Os santos sofreram muitas tentações, por isso podem nos ensinar.
São Francisco de Sales dizia: “Não vos aflijais com as tentações de blasfêmias. Deixai que o demônio as maquine à vontade, mas conservai bem fechadas as portas da alma, pois que lhe virá o cansaço ou será ele afinal, obrigado por Deus a levantar o cerco”.
O grande São Bernardo, doutor da Igreja, pregador do Papa, dizia: “Quem somos nós, ou qual é a nossa força para resistirmos a tantas tentações? Certamente era isso que Deus queria: que nós, vendo a nossa insuficiência e a falta de auxílio recorrêssemos com toda humildade à sua misericórdia. Quantas vezes vencemos as tentações, tantas vezes somos coroados”.
Prof. Felipe Aquino
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