Pelo revmo. Pe. Marcelo Tenório
A QUESTÃO DO MAL menor é algo delicado e que precisa ser visto com cautela. Acontece no momento em que todas as opções parecem ser imorais. Aqui entra esse princípio conhecido como “o mal menor”. Quando alguém precisa tomar uma decisão, mas as escolhas todas parecem más, é um dever escolher o que provocará um mal menor.
Todavia a regra para esse princípio só pode ser assumida se há extrema necessidade de ação. Se não há urgência, nem dever, deve-se aguardar os acontecimentos e esperar. Ensina Santo Afonso Maria de Ligório:
Consciência perplexa é a de quem, diante de dois preceitos estabelecidos, acredita que pecará se escolher um ou outro, caso possa suspender a ação, é obrigado a adiá-la enquanto consulta pessoas competentes. Se não puder suspendê-la, é obrigado a escolher o mal menor, evitando transgredir o direito natural mais do que o direito humano. Se não é capaz de discernir qual seja o mal menor, faça o que fizer, não peca, porque nesse caso falta a liberdade necessária para que exista pecado formal.[1]
Ora, encontramo-nos hoje em uma encruzilhada: ou votamos no Bolsonaro ou ajudaremos a eleger candidatos socialistas declaradamente contra a Igreja, a família e todos os valores da sociedade cristã.
Muitos argumentam que outros, com menores chances, têm planos melhores, ou que Bolsonaro também é ruim porque seria liberal, relativista, maçom, católico de fachada, separado da primeira esposa e outras coisas mais....
Ora, esse pensamento carece de uma reta hierarquia de danos. Uma coisa é assassinar um feto, outra é ser a favor, por exemplo, da esterilização química: com ambos não concordo, mas aqui há uma hierarquia de danos a ser assumida.
Bolsonaro declarou-se e tem se declarado contra o aborto. É o único candidato que disse claramente que, se eleito, vetará qualquer lei sobre o tema, e isso para nós já deveria ser motivo de reflexão e de escolha. Mas há também outros posicionamentos muito bons em relação à família, o favorecimento ao projeto Escola Sem Partido, a posição claramente assumida contra o Foro de S, Paulo, etc.
Mesmo que haja lacunas em seu discurso, e há; mesmo que haja algumas posições suas discordantes à luz da Fé e da moral, como no caso da esterilização química [e aqui assumo as colocações do Pe. Lodi (vídeo mais abaixo)], é claro para todos que pior do que isso é a agenda vermelha que já avança naturalmente, quanto mais aparelhada pelo estado Comunista.
Vimos, poucos dias atrás, Igrejas sendo invadidas na Nicarágua, altares sendo jogados ao meio das ruas, padres, bispos e até o núncio apostólico agredidos por uma população enfurecida contra os cristãos. Isso veio do nada? Aconteceu do nada? Não! É o resultado de anos de uma doutrinação esquerdista contra a Fé, segundo a qual Deus deve ser arrancado da sociedade.
Só podemos fazer uso da regra do mal menor quando se torna extremamente necessária uma ação de nossa parte. “Se não puder suspender a ação, é obrigado a escolher o mal menor” [Santo Afonso Maria de Liguori, no seu tratado de Teologia Moral (1755)].
Ora, quem dentre nós é capaz de negar, em sã consciência, a extrema urgência de nosso voto contra os mais perigosos inimigos de Deus? Alguém precisa dizê-lo, hoje o que temos é isto: Ou Bolsonaro ou a derrocada de tudo o que temos por sagrado.
Tanto existe urgência quanto dever; logo, devemos fazer uso do critério do mal menor, como ensina a moral católica:
Se não puder suspender a ação, é obrigado a escolher o mal menor
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