Oração para obter o perdão do pecado da impureza e da pornografia, e para não voltar a cair neles

 


Por Henrique Sebastião

NESTES TEMPOS INSANOS, um pobre leigo pecador e indigno como eu torna-se diretor espiritual. Alguns me procuram pedindo conselhos e, na medida de minhas pequeninas forças, tento ajudar. Vivo uma vida só de lutas, de cair e levantar, portanto posso dizer, ao menos isto, que tenho experiência na batalha.


Uma dessas pessoas, que aconselho há anos, de tempos em tempos me procura. É um rapaz ainda relativamente jovem, mas tem grande maturidade, penso eu. Vive escravizado pela luxúria, caindo sempre no pecado da impureza e na pornografia. Como resultado das quedas constantes, vêm as dúvidas, a falta de confiança em Deus. Porque ele se confessa, prontifica-se e se compromete diante de Deus a não mais pecar, mas termina sempre vencido, cai novamente. Com o desânimo, a Fé se enfraquece; e essa fraqueza o convence de que nada pode contra o Inimigo de todos – nisso está certo: não podemos vencer o demônio, nem mesmo somos capazes de, por nossos próprios esforços, disciplinar a nossa natureza decaída, ordenando os movimentos de nossos corpos e mentes para o bem.

Para complicar ainda mais (e muito) a situação, por circunstâncias que não abordarei aqui, a pobre alma em questão se encontra sem acesso aos Sacramentos. Neste último contato, estava o rapaz nada menos que desesperado.

Ora o moço já tentou de tudo, fez até cursos (!) para tentar aprender a vencer as tentações, mas nada funciona, nada resolve, nada lhe traz resultados efetivos. De modo algum ele consegue se manter firme na Fé e viver uma vida plena como um bom cristão. Então, que fazer? Não há solução?


Posso dizer e testemunhar que, em casos desse tipo, só há uma única coisa que se pode fazer. Uma única coisa é eficaz e suficiente, e é isso o que aconselho agora, também a quem lê o que eu escrevo: torna-te criança, confessa teus pecados a Deus e confia inteiramente n'Ele. Recobra a confiança, levanta-te, limpa-te e lava teu rosto. Enfrenta o mundo com os seus males, não por tua força, mas pelo Poder d'Aquele que é tudo em todos. Nesta resolução e neste gesto, nossa Mãe do Céu pode ajudar, e muito. Nossos irmãos do Céu também podem ajudar, e muito. Confia em Deus. Desiste das tuas forças, deixa de ser juiz de ti mesmo e deixa de ser juiz do próprio Deus. Ao contrário, confia inteiramente n'Ele, e Ele tudo fará. Confia em Deus porque o seu poder, a sua graça e a sua misericórdia não têm fim. Assim tua oração será infalível e Ele te restaurará, se realmente o quiseres.

Eu recomendei a esse pobre homem, compartilhando com ele das minhas próprias misérias –, as quais por misericórdia do Deus que torna todo mal em bem fizeram-me entender essas coisas –, que lesse devotamente o Salmo 36, meditando que, para nós, os ímpios ali citados são os próprios demônios, que nos tentam hoje com poder redobrado. E que depois da leitura do Salmo fizesse uma contrição perfeita diante de Deus. Isso não é impossível nem é assim tão difícil como dizem, quando se quer verdadeiramente, e é plenamente possível obter o perdão divino por meio da contrição perfeita (saiba como fazer), desde que se procure a Absolvição sacramental assim que for possível.

Antes de fazer a contrição, recomendei que fizesse, de todo coração, uma oração muito especial: uma que fiz para ele baseada na que fiz para mim mesmo, em um momento de grande elevação da minha alma, numa ocasião em que Deus dignou-se descer de sua Glória para me acudir em meus apuros, assim como tem feito muitas vezes em minha vida miserável e atribulada. Deus o fez por meio da direção espiritual de um sacerdote santo, que em certa ocasião me deu todas as respostas – claramente vindas do Céu e não dele mesmo – de que eu tanto precisava.

Assim, resolvi compartilhar esta oração aqui, com todos os que porventura puderem se beneficiar dela. Que seja útil. Segue.





Ato de contriçãopara ser recitado, se possível, diante do Sacrário, ou em um lugar solitário e calmo


Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus Vivo,

É para mim muito difícil manter a Fé, hoje; nosso inimigo é forte, sou frágil diante dele; por mim mesmo não tenho como resistir às suas armadilhas, ao seu poder, às suas investidas incessantes e cada vez mais frequentes.



De tanto cair e, sempre que me levanto, voltar a cair novamente, tenho a impressão de que cada tropeço é pior que o anterior, que cada queda me fere mais, humilha-me mais, torna-me mais e mais incapaz e desmerecedor; que minhas infidelidades me fazem cada vez mais indigno. As esperanças se esvaem de mim como a água pelos dedos de uma criança que a tenta conter em suas mãos.



Sim, sou cada vez mais indigno da tua Presença, oh Cristo, meu Deus. A cada nova infidelidade, sinto-me mais distante de Ti, da tua misericórdia, mesmo que seja infinita, porque sei que és também severo, que és também justo e que cobrarás a cada um segundo seus frutos.



Como poderia me aproximar novamente de Ti, mais uma vez, após cair pela milésima vez? Se cada uma dessas infinitas quedas aconteceu por minha frouxeza e negligência, por minha preguiça e indolência? E se eu, pecador, não sei perdoar o meu próximo que erra, como poderei esperar o divino Perdão?



E mesmo assim, vens em meu socorro, Bom Pastor atrás da ovelha perdida. Bom e pleno de Luz e Beleza, resgatar o cordeiro imundo, malcheiroso, disforme. Vem o Rei dos reis acudir o verme, o inútil, o asqueroso. Vem o Rei da Perfeição salvar o grotesco, vem o esplendoroso Rei dos Fulgores em socorro do que chafurda nas trevas da impureza.



[pausa]



Como corresponder a esse Amor? [Ai de mim...] Como me apresentar diante de Ti, como admitir-me diante de vosso esplendor, eu que a tudo contamino com minha indignidade e imundície?




Tornei-me um joguete do demônio, sou como um brinquedo, um fantoche que não tem vida própria, uma folha seca arrebatada pelos violentíssimos ventos da tempestade que faz extinguir minha vida. Para nada me servi de todos os muitos dons que recebi. Sou pó e menos que pó, tornei-me nada e menos que nada. O Diabo me odiou e prevaleceu, fez de toda a bela pureza, que eu um dia tive, um monturo de excremento; e do bem eu mesmo fiz o mal, a virtude tornei em vício, a inocência afoguei em um bruto tacho de odiosas iniquidades.




E Deus, Deus Todo-Poderoso, quisera fazer por meio de mim coisas grandes, presenteando-me com inúmeros talentos. Encarnou-se, fez-se criança e fez-se Alimento por amor de mim. E eu, assim como os perversos carrascos, flagelei-o, escarneci d’Ele e o maltratei até as últimas consequências, sem nenhuma compaixão. Como Judas, eu o traí. Pior que o Iscariotes, que o fez uma vez, eu repeti a traição uma e outra vez, e de novo e de novo.




Será, oh, EU SOU, que ainda encontrarei perdão diante de Ti? Que ainda verei tua Misericórdia? Que serei beneficiado por teu Poder, mais uma vez? Eu, que só mereço a morte e o Inferno de tormentos?


Em teu Poder em teu Amor em tua Misericórdia, eu confio. Em Ti, confio plenamente. Sei que és a resposta a todos os meus clamores, a todos os meus anseios mais íntimos e mais profundos desde sempre. Que és a solução de todos os meus conflitos íntimos, que em Ti está a Justiça, a Verdade, o Caminho, o Amor que tudo realiza e faz viver. Em mim é que não confio. De minhas convicções de fidelidade, nada espero, de cada nova determinação minha de não tornar a pecar, já não faço o menor caso.


Ensinai-me, pois, a viver, SENHOR. Ensinai-me a ser fiel, conduzi-me por teus pastos, purificai-me como considerardes conveniente, fazei de mim um instrumento para a consumação da vossa Vontade e do Vosso Reino. Dai-me o que quiserdes, o que for de vosso agrado. Se quiserdes, podeis limpar-me. Se quiserdes, eu sei, por cima de todas as minhas falhas e vícios e culpas e maldades e infidelidades, podeis limpar-me.


Limpai-me, não para o meu bem, mas para a vossa maior Glória. Limpai-me, somente por amor do vosso Nome. Limpai-me, por vosso Sacrifício, Deus meu e Senhor meu. Limpai-me por vosso Amor, para que haja mais dos vossos e menos a integrar as fileiras do Inimigo, dos que o servem e trabalham pelo seu principado nefando.


Limpai-me para que, no fim, reste apenas um Cristo-EU SOU amando-se a Si mesmo. Para que eu possa clamar como as pedras que clamam quando os eleitos se calam. Sou pedra infecta, suja, calcada pelos pés dos homens e pelas patas dos animais. Mas ainda clamo. Limpai-me para que eu possa vos servir, como puder. Não por mim não por mim, mas por Vós, por Quem Sois, limpai-me. Limpai-me, porque quero apenas vos servir. E, se não for possível, restará a mim o consolo de saber que, no fim, triunfareis infalivelmente, Sumo Bem e Rei da Justiça; que meu sofrimento será a justa paga e justo tributo à vossa Justiça e Glória.



Já não peço piedade, somente que me permitais servir.



SENHOR JESUS, eu confio em Vós.


Santíssima Virgem, Maria; São Miguel e Santos do Céu, rogai a Deus por mim.



Amém